sábado, 11 de outubro de 2008

A VIDA DE ANTERO DE QUENTAL EM FILME (2008/2009)

A VIDA DE ANTERO DE QUENTAL EM FILME

O novo filme do realizador José Medeiros, a exibir em 2009 na RTP/Açores, recorda a vida e obra do poeta Antero de Quental, uma "ousadia" para dar a conhecer um dos maiores vultos da cultura portuguesa.
"Pretendo desvendar os mistérios e grandezas de um homem extraordinário. Se conseguir passar essa mensagem a quem conhece menos bem a vida e obra de Antero de Quental, cumpro a minha missão", afirmou à agência Lusa o realizador açoriano, que está a gravar, desde o início do ano, o filme sobre o poeta açoriano do século XIX.
Antero de Quental nasceu em Ponta Delgada, ilha de São Miguel, nos Açores, em 1842. Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Privou com nomes sonantes da cultura portuguesa como Eça de Queirós e Ramalho Ortigão e suicidou-se em 1891 na cidade natal.
Com um orçamento de 250 mil euros, a película, cujas gravações terminam em Setembro, pretende enfatizar "o lado mais humano de Antero de Quental", mostrando "um homem genial, atormentado, preocupado com o espírito, mas também dado a paixões".
O guião do filme, escrito por José Medeiros e André Palmeiro, a partir de um esboço do director regional da Cultura, Vasco Pereira da Costa, conta também com uma banda sonora original criada pelo realizador, em que são interpretados dois poemas de Antero de Quental por Filipa Pais e Mariana Abrunheiro.
Além das actrizes continentais Maria do Céu Guerra, Sofia Nicholson e Rita Lello, destacam-se actores açorianos como Natália Marcelino, Raul Resendes e Emanuel Carreiro, entre outros, numa película com um elenco de cerca de 30 actores profissionais e amadores e 50 figurantes.
"Nunca tive a preocupação de ter nomes sonantes. O critério foi escolher actores que pudessem servir as personagens", afirmou o realizador, ao reconhecer que, depois de um atraso inicial, a rodagem está "mais ou menos dentro dos prazos previstos" e será concluída com a gravação de algumas cenas no Continente.
A produção da RTP/Açores, que José Medeiros classifica como sendo "uma grande ousadia", conta com o apoio financeiro do Governo Regional e terá uma duração estimada de uma hora e meia.
Além da emissão no canal público regional, no início de 2009, o realizador gostaria de que o seu mais recente trabalho passasse num dos canais nacionais da RTP, à semelhança do que já aconteceu com os "Xailes Negros".
José Medeiros anunciou, ainda, que está previsto lançar um DVD, o que vai permitir à produção percorrer o país e, eventualmente, a diáspora, para dar a conhecer o poeta Antero de Quental às gerações mais novas, através de sessões de cinema e debates em escolas e colectividades.
Por haver muitas histórias nos Açores que estão "no lado oculto da lua e merecem ser contadas", José Medeiros revelou que tem já em mente um novo filme, que vai contar a história do corvino Carlos Jorge Nascimento, que imigrou para o Chile e foi o primeiro editor do escritor Pablo Neruda.
Sentado à entrada da aula magna da Universidade dos Açores, onde decorrem actualmente as gravações do filme, Raul Resendes, 50 anos, fuma um cigarro enquanto espera para "vestir a pele" de Antero de Quental, um dos "maiores desafios" da sua carreira enquanto actor amador.
"É uma oportunidade e uma enorme desafio que o Zeca (José Medeiros) me colocou há cerca de dois a três anos e nunca mais me saiu da cabeça. Não pude recusar", confessou à Lusa Raul Resendes, que conta no currículo com participações em várias produções de José Medeiros e nos filmes de Artur Ribeiro e Margarida Gil.
O técnico de som da RDP/Açores referiu, também, ter ficado surpreendido ao constatar as inúmeras semelhanças físicas que tem com o poeta e filosofo açoriano Antero de Quental, sobretudo após ter deixado crescer a barba há 11 meses.
"Muitas pessoas, mesmo sem saberem que estou a fazer esse papel, metem-se comigo e chamam-me de Antero", afirmou Raul Resendes, que, por imposição do papel, não pode ir à praia este Verão para manter o tom de pele e tem de cuidar da linha e aparar frequentemente o cabelo para haver coerência ao longo de todo o filme.
Antes de aceitar o papel, Raul Resendes admitiu conhecer "muito por alto" a obra de Antero de Quental, mas todo o trabalho de preparação obrigou-o a ler cartas e poemas do autor, o que considerou ser uma "das grandes recompensas" que leva desse trabalho.
"Eu, como tantos outros açorianos, desconheço Antero. Desde que comecei a lê-lo, tenho recomendado a amigos", disse o actor, que sente "algum medo" do dia em que vai cortar a barba após a conclusão das gravações, por já se ter habituado à imagem.
Por ser um filme de época, gravado nos Açores e no Continente, a produção teve de realizar antecipadamente uma pesquisa documental para poder escolher o guarda-roupa, maquilhagem e penteados, bem como cenários interiores e exteriores mais adequados.
A figurinista Rosa Almeida Lima referiu à Lusa que, só para a personagem de Antero de Quental, que demora cerca de uma hora a caracterizar, foram mandados fazer, por medida, num alfaiate em Lisboa, sete fatos e dois sobretudos.
No total, foram alugados mais de 200 fatos em lojas da especialidade, em Lisboa e Madrid, para as restantes personagens, que vão sendo, ao longo das gravações, alterados por costureiras locais, para parecerem diferentes.
Além disso foram emprestados por famílias micaelenses vários adereços antigos, como jóias, leques, estolas, relógios, chapéus e bengalas, indicou.
Apesar de existirem ainda os sapatos, chapéu e bengala usados por Antero de Quental, objectos que fazem parte do acervo da Biblioteca Pública de Ponta Delgada, a sua fragilidade inviabilizou que fossem utilizados durante as filmagens, mas serviram de modelo para encontrar ou mandar fazer réplicas.
Rosa Almeida Lima, que se estreou como figurinista no "Mau Tempo no Canal" e já trabalhou em filmes de vários realizadores portugueses, entre os quais Manoel de Oliveira, considerou que os filmes de época são "muito mais exigentes e obrigam a uma grande imaginação e criatividade" para fazer face aos orçamentos limitados e à pouca oferta de guarda-roupa existente em Portugal.

Autor: Ruben Medeiros (Lusa)


sexta-feira, 10 de outubro de 2008

RECRIACAO DO DESEMBARQUE FLAMENGO NO FAIAL (2008)

RECRIACAO DO DESEMBARQUE FLAMENGO NO FAIAL
Aberto a toda a população, a recriação recorreu a réplicas de embarcações de época existentes em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente à Nau Victoria e à Caravela Vera Cruz, atracadas na Marina da Horta, aos grupos de teatro Carrossel, Teatro de Giz e ao Grupo Musical Monte Lunai.Todos os figurantes deverão trajar à época, rodear-se de utensílios e adereços, armas, utensílios e animais essenciais à reprodução de um ambiente de século XV, explicou ontem, em conferência de imprensa, Emanuel Carreiro, mentor do projecto.O desembarque da segunda leva de povoadores, em 1468, será recriado, pelas 18h30, na baía de Porto Pim, devido à descaracterização do antigo areal de Santa Cruz, recriando a chegada do capitão de donatário Josse Van Huerter, acompanhado de sua esposa D. Brites de Macedo, do autor do Globo de Nuremberga, Martim da Boémia, e de representações dos Silveira, Terra, Goulart, Brum e outros, devidamente identificados pelos respectivos escudos brasonados e estandartes, acompanhados de aias, escravos, pajens e religiosos, transportando uma imagem de Nossa Senhora das Angústias.Um cortejo entre o Portão de Porto Pim e a Igreja de Nossa Senhora das Angús-tias, devidamente engalanado com faixas e pendões e acompanhado pelo grupo musical Monte Lunai, conclui a recriação histórica, que será gravada pela RTP/ Açores e transmitida quer no canal regional quer na RTP/ Internacional, no arranque da grelha de Inverno.Este projecto inclui, em termos televisivos, a participação de um painel de investigadores históricos, constituído por Monsenhor Júlio da Rosa, Luís Menezes, Director do Museu da Horta e pelo professor Eddy Stols, Director do Arquivo de Bruges, que tem estudado a emigração flamenga para os Açores no século XV. O painel será ainda moderado pela jornalista da RTP Judite Jorge.A segunda parte do projecto, produzido assim como a primeira parte pela empresa Fábrica de Espectáculos, inclui a filmagem de uma ceia quinhentista, no Castelo de São Sebastião, recorrendo a 20 personagens, animação pelos Monte Lunai e menus criados a preceito.









Festival Internazionale Arlecchino Domani (2008)

Festival Internazionale Arlecchino Domani
"Estão desta vez três elementos do Teatro de Giz (com grande pena dos restantes que não têm agora disponibilidade para ir...). O César, a Isabel e o Rui irão juntar-se no dia 12 de Julho aos restantes participantes no Festival Arlecchino Domani."

"Na noite do dia 12 de Julho será mais uma vez apresentado em Milão, no âmbito deste festival, o filme “A Ilha de Arlequim”, co-produção Teatro de Giz/RTP Açores."




ARLECCHINO DOMANI

un laboratorio internazionale di commedia dell’arte

I Edizione

seminari, incontri, dimostrazioni di lavoro dal 7 al 18 luglio 2008

La Commedia dell’Arte torna a casa, alla Scuola d’Arte Drammatica Paolo Grassi. E’ qui che molti decenni fa - sotto la guida di Giorgio Strehler e Jacques Lecoq - lo studio della maschera visse un momento magico. Fu qui che Arlecchino fece una delle ultime tappe del suo viaggio affascinante. Un viaggio senza fine in cui ha attraversato i secoli e l’Europa, in cui emigrando come tutti gli italiani ha cambiato tante volte i connotati, strapazzando tutte le lingue che incontrava con la sua arguta ignoranza. Sapiente solo nell’arte della sopravvivenza, ha conquistato le platee di tutto il mondo. Ci piaccia o no, la sua è diventata nei secoli l’immagine stessa dell’italianità.

L’attore del mondo globale si muove come lui alla ricerca di un nuovo pubblico di stranieri: stranieri alla propria cultura nazionale, ma anche ai vecchi canoni della prosa. Siamo di nuovo tutti nella condizione di essere “les italiens”, alla ricerca di forme efficaci per raccontare le storie che accomunano tutte le culture. Quelle storie necessarie, da cui emergono da tempi immemori i caratteri archetipi della società: i servi ed i padroni, gli innamorati e gli intellettuali, i furbi e gli arroganti, i deboli e gli sciocchi. La maschera, potente elemento primario del teatro, diventa così più potente in un momento in cui il mondo simultaneo in cui viviamo richiede l’uso di forme espressive che non possono più confidare nel consueto uso delle lingue nazionali. Lei che rappresenta quanto di più tradizionale ci sia nella valigia dell’attore può tornare ad essere un elemento di innovazione del linguaggio.

Ci guardiamo indietro e proviamo tenerezza se pensiamo ai buffoni rinascimentali che riuscivano con le loro smorfie ed insolenze a galvanizzare piazze e corti. Pensiamo ai comici impegnati per le strade nel “travestimento popolare” della commedia erudita in voga nelle corti e da quello sberleffo immaginiamo nascere uno spettacolo popolare irresistibile.

E poi saltando i secoli, continuando sul filo di un ricordo più vicino a noi, proviamo amore e riconoscenza per l’Arlecchino di Strehler che litiga tuttora con il suo budino davanti alle platee di mezzo mondo. Ricordiamo immediatamente l’altro grande nostro Arlecchino, Dario Fo, insignito niente meno che del Nobel. E torna a mente ancora l’intelligenza divertita e critica dell’Arlecchino della Mnouchkine che, emigrato algerino nel porto di Marsiglia, dormiva a testa in giù sull’unica mattonella libera nel dormitorio pubblico affollato. E poi l’Arlecchino di Polivka che dandosi ordini da solo diceva tronfio “I am the boss of myself!”. E poi l’Arlecchino nero delle Albe, l’Arlecchino di Leo…abbiamo visto e amato tante altre volte le nostre care maschere. Ci hanno sempre parlato dell’essenza del Teatro.

Ma domani Arlecchino ci sarà? Chi sarà? Cosa sta oggi a quel budino e a quella mattonella? Quali nuove storie racconteranno i canovacci del mondo digitale, cibernetico, globale? Quali nuovi tipi scenici richiede il nuovo pubblico, così smaliziato? Le strutture della Commedia sono tramontate o sono ancora capaci di interpretare la contemporaneità?

Per rispondere a queste domande tanti maestri ed allievi tornano ad incontrarsi e a montare ancora una volta il palchetto di Commedia. Negli spazi e nel parco della scuola si alterneranno seminari, incontri teorici, lezioni-spettacolo esemplificative delle tante vie che Arlecchino ha percorso cambiando ogni volta la sua pelle ed i suoi sensi.

“Nato nelle valli bergamasche, professione servo, residente a Venezia”: questo direbbe il suo passaporto di comico dell’arte. Così maestri ed allievi percorrono le sue cinque strade: la via di Milano (la via maestra del Piccolo Teatro), la via di Parigi (la via di Lecoq e del Theatre du Soleil), la via di Napoli (con le innumerevoli metamorfosi di Arlecchino/Pulcinella), la via di Venezia (la più cospicua, grazie all’attenzione della Fondazione di Venezia) che testimonierà la ricchezza storica di saperi sulla maschera propri della scena lagunare. La quinta via sarà la più complessa: è la via del Mediterraneo e contiene tutte le altre rotte e gli altri suoi “naufragi”nel tempo e nello spazio.

Questo laboratorio costituisce un’ulteriore tappa del viaggio di Arlecchino attraverso il mondo e si concluderà in una grande festa in cui maestri ed allievi si cimenteranno sul tema del futuro: ARLECCHINO nel mondo di DOMANI. Una serata che permetterà agli spettatori milanesi di riappropriarsi di quel senso di appartenenza, di verità e di gioia che è proprio del mondo delle maschere.

Maurizio Schmidt

Direttore della Scuola d’Arte Drammatica Paolo Grassi di Milano








LEÓNIA DEVORA LIVROS (2008)

LEÓNIA DEVORA LIVROS



A ILHA DE ARLEQUIM (2006/2007)

A Ilha de Arlequim

de José Medeiros
Ano: 2006
Pais: Portugal
Duração: 90 minutos


Vários membros da associação Teatro de Giz, criada em 1998 na ilha do Faial, participaram activamente no processo de recuperação dos artigos transportados por uma embarcação que, em 2005, deu à costa açoriana. Tratava-se de objectos de uma companhia italiana mundialmente famosa, “Picolo de Milano”, com a qual a associação portuguesa criou – e tem vindo a reforçar – uma relação além fronteiras. Deste “naufrágio teatral” resultou, portanto, a descoberta de um tesouro, sob a forma de um filme.




Ficha Técnica
Actores: Maria do Céu Brito, José Medeiros,
Miguel Machete, César Lima, Anabela Morais, César Lima