sexta-feira, 10 de outubro de 2008

A COLECCAO E O AMANTE (2003)






Sobre o Espectáculo

A Colecção

Stella diz a seu marido, James, ter tido uma aventura com um certo Bill, após uma viagem de negócios. James procura insistentemente contactar Bill, o presumível amante da sua mulher.
Os diálogos, aparentemente sobre coisas banais, são entrecortados de silêncios, meias palavras, hesitações que vão criando uma atmosfera densa e intensamente emocional. A ambiguidade instala-se. Não se conhecem as motivações mais profundas das personagens. Harry, o protector de Bill, tenta provar que aquela história de adultério é pura efabulação...
Stella, a mulher presente, é uma figura misteriosa, enigmática, impenetrável. Não podemos, em definitivo, saber a verdade ...mas, o que é a verdade?

«O preço da independência pode ser a solidão. É este um dos temas principais da peça, uma das mais incompreendidas do autor. Com efeito, para muitos é um texto sobre a impossível prova da verdade. De facto é uma peça sobre como manipulamos a verdade para nosso interesse, sobre a homossexualidade latente numa relação triangular, sobre o triunfal mistério da mulher»
Michael Billington

O amante

Richard “ O teu amante vem hoje?”
Sarah- “Hhm... hhum...”
Richard -“ A que horas?”
Sarah- “Às três”
É com este diálogo, entrecortado de silêncios e interjeições, que Harold Pinter introduz a comunicação entre um homem e uma mulher, na peça «o Amante». À primeira vista, parece tratar-se de uma comédia conjugal. Mas a primeira impressão é de imediato quebrada. O jogo é inquietante: tu trais-me, eu sei; eu traio-te, tu também o sabes. Mas sob o entendimento tácito e a aceitação mútua do adultério, escondem-se os abismos da solidão, da incomunicabilidade, do vazio relacional, da traição.
Mas quem é o amante desta mulher? Que estranha relação tem esta mulher com o marido, que coloca placidamente dois copos sobre a mesa e se senta a seu lado, falando da “outra”, a “puta”, num diálogo incerto, como se a não comunicação fosse a única forma de comunicar o vazio e o silêncio atroz daquela relação?
Em «O Amante», as personagens jogam e jogam-se no espaço trágico de uma realidade invertida. O jogo é ambíguo e sufocante. Jogo de subtilezas, de sedução sado-romântica, de supremo cinismo. Estilhaços de uma relação amorosa que não se questiona sobre o sentido ou sem sentido das escolhas, dos desejos, das inquietudes, dos vazios, da ausência do amor.




Revistas Utilizadas na Colecção

Ficha Técnica

Texto: HAROLD PINTER

Encenação: JORGE PARENTE

interpretação: CÉSAR LIMA, GILBERTO CARREIRA, NUNO APELIDO, ORLANDA ANDRÉ, PEDRO AFONSO, SILVIA ESCOBAR
assistente de encenação: ANA COLAÇO
cenografia: ISABEL SAMPAIO
adereços: CRISTINA CARVALHNHO
figurinos: ALINE DESPRES
luminotecnia: BRUNO CARVALHO
produção: ANABELA MORAIS
design gráfico: GONÇALO CABAÇA

Espectáculo subsidiado por:

Inatel
Direcção Regional da Cultura
Câmara Municipal da Horta


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